quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Como se fosse um porto

Que passasse da compreensão e dos entendimentos alheios. O que elas sentiam e tinham uma pela outra não era nada pra ser explicado, e sim sentido. Elas tinham um carinho, meio que inominável, elas se necessitavam como se apenas elas existissem. Em todos esses cinco anos que a vida tinha compartilhado, tinham descoberto coisas terríveis uma das outras, e que por serem tão terríveis elas se ligavam mais. Talvez amizade fosse isso, saber as piores coisas sobre o outro, e mesmo assim permanecer ao lado. E mesmo quando as más línguas tramavam para apunhalar a outra, ela estava lá com argumentos válidos e plausíveis para defender aquela que considerava por tanto tempo. Talvez ela precisasse daquela amizade. Não precisasse, necessitasse, como se fosse um porto, uma casinha no meio do nada, mas que a abrigasse durante pouco ou muito tempo, enquanto precisasse. Ela tinha se tornado insubstituível, e sua vontade era carregá-la no peito pro resto da vida, sem se importar com aquela carga, mas a levaria aonde fosse, perto ou longe, a levaria junto sem se queixar, durando o tempo que fosse, pouco ou muito, mas suportariam o que fosse, juntas.

Ouças

Escondes-te, menina. A vida ai fora é dura, e faz frio. Leve um casaco, e quando for à hora de voltar, me avise, por favor. Farei um esforço pra buscares onde estiver, frio ou não, eu vou. Sabes que vou, não sabe? Como? Deverias saber que por ti sou capaz de tudo. Mas não importa, menina. Escondes-te, cuidado. Não quero que se machuques, não te quero ver chorar, menina. És tão frágil e inocente. Pura também. E se por um acaso, menina, se te machucarem, me avise. Darei um jeito qualquer de cuidares de ti, te acalentando, cuidando. Darei-te todo consolo e amor e cuidado que há em mim. Mas te escondes, de precaução, não quero te ver triste, chorando como tantas outras por ai vida a fora, menina. Faz frio, leve um casaco. Ouça o que tua mãe diz. Não ignore as palavras dessa velha aqui, que a teus olhos pode parecer sem conhecimento algum, mas saibas que não estudei o tanto que devia, não ouvi as palavras daquela que já se foi, mas dessa vida a fora, sei demais. Então, menina, não faça descaso, não vire o rosto enquanto ouves estas palavras aqui. Elas te farão falta um dia, menina. Olhe para mim, preste atenção, ao menos essa vez. Vida a fora é capaz de qualquer coisa, ela não se importará com quem tu és, ela passa a todo vapor e se não se esconderes, menina, ela pode te levar, te jogando em qualquer canto, machucando tuas mãos. Entende menina, o que digo? Escondes-te, e se não deres, me avise, que te buscarei onde estiver. Por ti faço tudo, sabes disso, não sabe? Vida a fora te amadurecerá, menina, mas te machucará muito. Não posso evitar todas elas, mas não quero que se machuque demais, portanto ouça com precisão todas as palavras que esta velha te diz, e não faça cara feia, estou querendo bem a você, como sempre quis. E te cuidas, menina, e se não der, tua mãe te buscará aonde fores.

Para um amigo

Talvez ele não entendesse que talvez eu precisasse estar só. E que eu não estava distante, não em mente, apenas em corpo, talvez. Mas que seu sentimento, aquele conquistado, e tomado aqui dentro, continuava intacto, e jamais seria abalado, a não ser que ele quisesse. Mas talvez ele não entendesse essa minha linha de raciocínio, mas também as pessoas pensam de tantas formas, e talvez ele pensasse de uma forma totalmente diferente da minha. É, de fato pensava. Estava ai o motivo das nossas contraditórias conversas. Mas talvez ele não entendesse e até esquecesse as palavras antes ditas, promessas e juras, talvez por eu estar distante ele tivesse esquecido delas, mas não deveria, elas ainda vigoram. E vigoram com força. Talvez só ele não percebesse isso. Talvez ele não entendesse que a vida era mais ampla do que seus olhos podiam enxergar. Talvez ele me quisesse perto dele a todo o momento e não se conteria apenas com aquelas palavras anteriores, que se eternizam dentro da gente. Mas ele teria que saber que não existe distancia ou pessoas, ou acontecimentos da vida que mudariam algo. Não, não mudaria. A não ser que ele quisesse. Ele deveria saber que mesmo distante, eu estaria aqui. No mesmo lugar, parada, intacta. Com os mesmos sentimentos de antes, por ele e para ele.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Procuras e esperas

Não existe palavra pra descrever o que era hoje. Ou existe e seu conhecimento não tinha. Vazia. Perdida. Não, perdida talvez não. Parada. Intacta também não. Estática, melhor dizendo. Esperando algo, ou alguém, ou nada. Não se sabe. Não sei.
Caminhando alguns passos, lentamente, para não se cansar. Para não calejar os pés. O interior, que já estava calejado de procuras e esperas vãs. Procurou tanto durante tanto tempo que, ao não achar, desistiu, aparentemente. Cansou. Agora apenas esperava. Não exatamente parada, estática e boba, como quem não possui objetivo algum na vida, esperava seguindo sua vida. Esperar, seguir, palavras tão contraditórias e lado a lado.
Enfim, esperava todos os dias cruzar com algo que prendesse sua atenção por mais de 24h, inicialmente, e depois meses, anos. Esperava um olhar, um toque, um gesto, que chamasse sua atenção. Que ao cruzar a esquina, te parasse sem se importar se era a primeira vez que a via, mas que simplesmente dissesse que ela era linda, de todas as formas e que não sabia bem porque falava aquilo, mas que apenas sentiu essa necessidade, e não podia deixá-la passar despercebida. Mas que não soasse como aquelas cantadas típicas de pedreiro a procura de uma transa, mas que ele falasse principalmente com os olhos, sem receios, sem medo. Puro. Limpo. Nu. E então esperava, todos os dias.
E como já havia muito tempo nessa espera, havia se cansado, estava desistindo. Ou pelo cansaço, ou porque acreditava que, se durante todo aquele tempo ninguém havia aparecido, não apareceria nos anos seguintes.
Estava desistindo. Começava a acreditar que pessoas desse tipo, com essa descrição, não existiam. Ou o problema estava nela e ainda não tinha se dado conta. Ou talvez estivesse sendo exigente demais. Queria coisas simples, apenas. Sorrisos, abraços, olhares ao invés de tantas palavras desnecessárias, ou até algumas às vezes, para não cair na rotina dos olhos. Coisas simples, repito. Mas será que o simples era tão raro a pronto de parecer exigência? Mas não exigia nada demais, coisas simples, até porque em meio a isso tudo, procuras e esperas, não conseguiria dar muitas coisas a não ser coisas simples, tipo seus olhares. Não podia exigir algo que não correspondesse. Mas seus olhares, e toques, e gestos, seriam dele, se ele quisesse.

Enquanto ele não chegava, ela esperava. E se lamentava. Até chorava. E pedia pra morrer. Sumir. Amar o primeiro que cruzasse seu caminho. Mas isso não poderia acontecer, tinha uma habilidade enorme em despedaçar corações. Mas não queria, ela apenas não correspondia, e se lamentava, todos os dias.

Ao som de Christina Perri - Jar of Hearts.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

 Sem amor


-Eu te amo. – ela sorriu, tímida. -Você me ama?
-Não. - respondeu ele sorrindo - Todos os que amo vão embora. Eu não suportaria te ver partir.


terça-feira, 17 de agosto de 2010

E desejava, desejava

- Estou com sono.
- Então porque não dorme?
- Não quero te perder de vista.
- Não vai me perder.
- Como pode ter certeza?
- Não tenho.
(silêncio)
- Posso te pedir algo?
- Depende.
- De quê?
- Do que seja, ora!
- O que não pode ser pedido?
- Não sei.
- Então como pode dizer ‘’depende’’ se nem ao menos você sabe?
- Por isso mesmo. Por não saber.
- Mas é algo simples.
- Então fale.
- Vai falar que depende ainda?
- Vai perguntar logo ou ficar enchendo a minha paciência?
(silêncio)
E J. prendeu o choro. Como um menino que pede esmola em porta de bares, e é negado. Como se sua presença pequena e simples, fosse algo impuro e sujo. De fato. Sentiu-se pior que aquele menino. Sentiu um aperto no peito, como o estômago de uma criança que pede comida e é negada. Negada como o menino da esmola. Sujo e impuro. Não desejava nada demais. Poucas coisas, até. Pequenas. E quanto menores, mais impossíveis pareciam. Se conteve em prender o choro.
- Só ia pedir pra segurar minha mão.
- Ainda tem medo de dormir no escuro? Ora essa.. – o fitou com ar de zombaria e arrogância, sem sequer se perguntar o motivo do pedido, que mesmo parecendo besteira por ser tão simples, poderia ser realizado.
- Não.. Não tenho medo disso.
- Tem medo de quê então?
- De te perder de vista.
- Não vai.
- Como pode ter tanta certeza?
- Não tenho.
- Então porque diz que não...
- Sabe J., eu não tenho certeza de nada, e aposto que você também não, mas acho que quando desejamos algo com força ...
- Assim como eu desejo você?
Ela não se conteve e soltou um sorriso leve, de canto, simples.
- É J, é. Assim como você me deseja. Então, o que tanto queremos, pode se realizar.
- Então eu vou te ter?
- Não sei.
- Mas você não deseja?
- Deseja o quê?
- Ser minha.
- Eu não sei... Não da pra ter certeza.
- Não é pra ter certeza. É pra desejar. E não importa se você vai me desejar ou não, eu vou continuar com forças, sim, te desejando, quem sabe não se realiza?
B. sorriu de canto, sem saber o que falar. Sabia apenas que amor não podia ser unilateral. E era.
- Vamos dormir J. Essa ladainha toda me deu sono.
- Vamos. E vou sonhar com você.
- Como tem certeza? – rindo
- Não tenho. Mas quando desejamos algo com força, assim como eu desejo você, ela pode se realizar.
- Você não tem jeito mesmo.
Soltou um riso bem fraco, quase em silêncio. Estava pegando no sono. Talvez nem prestara atenção nas ultimas palavras dele. E dormiu.
- Boa noite! Sonha comigo... Quem sabe não se realiza?
Sorriu apenas, procurando não emitir som algum, e virou pro lado de B, buscando sua mao, e ao encontrar, entrelaçou seus dedos, como nós que não desatam. E desejava, desejava.

domingo, 15 de agosto de 2010

Para um amor impossível

Precisava mais que simples palavras. Poucas palavras. Precisava de palavras intensas. Significativas. Não, nao precisava. Precisava de gestos. E saber demonstrá-los. Da melhor forma possivel. Um gesto. Um abraço. Um sorriso. Mas infelizmente a distancia da carne atrapalha. E muito. Mas a alma grita forte. E supera todas as barreiras. A minha alma. A sua alma. O meu amor. O seu amor. O nosso. Nosso amor. Porque só o amor impossivel é eterno.
Queria te falar. Ou melhor, te abraçar. Ou até os dois juntos, se voce me desse um tempo a mais. Ou muito mais. Se você me desse o resto da vida. Eu te daria a minha. Eternizaria. E nao ligaria pras palavras negativas alheias. Quando se tem um nós, nosso! Entao eu me firmo. No amor! Naquele que voce me fez reacreditar.
Quando se tem a alma pura. Quando se tem o amor. Quando nao existe sequer mais alma. Apenas amor. É quando conseguimos mover montanhas. Eu moveria. Por você, sim! Montanhas. Céu. Terra. E toda água do mundo. Por você, sim! Porque você é amor! E eu acredito nesse amor. Com toda força que existe em mim. Aquela que conheço e desconheço. Porque nao precisei e nem preciso olhar em teus olhos pra ter essa certeza. Quando existe amor entre duas pessoas, um alma trata de ligar-se a outra. Ou melhor, quando nao existe mais alma. Apenas amor. Você é amor!
Minha vontade nesse momento era te dar um abraço forte. E nao presentear-lhe com algum objeto de valor. Mas te oferecer toda paz que existe em mim. Me doar a você. Embalar teus sonos. E te acordar todas as manhãs com um beijo no rosto. Queria te dar todo amor que habita em mim. E nao seria menos merecido. Já que foi voce, quem me fez reacreditar nele, e ter a certeza de que tambem sou amor, acima de qualquer coisa. Foi você. Sou amor com você! Pra você. Porque voce é amor!
Me diga se existe coisa mais linda que essa? Aos meus olhos nao.
Você é amor! Você é o sentimento mais puro, bondoso, sincero e intenso que existe. Você é amor! O meu!
Ofereço-lhe, neste dia, estas palavras. Já que aí ao seu lado nao posso estar. Mas sinta-se coberta de amor e paz. Sinta-se amada, sempre. Porque eu, aqui de longe, te amo muito!
Obrigada por existir! Agradeço a Deus todos os dias por ter colocado esse Amor em minha vida. Você é a peça fundamental do meu quebra-cabeça chamado vida!
Será sempre amor!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

haha



Fico me ferindo, mas também dou voltas e penso: não, não é nada disso, sou legal, sou mansinho, sou até bonitinho.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Essência

- Eu preciso que você não se perca. Entende? Não se perca de mim.
Ele me olhou.
- Eu ja te expliquei. Várias vezes. Essência supera aparência. Entendeu?
- É. - ele não conseguia falar nada.
- Ah menino! Eu preciso cuidar de você. Você nao percebe. Eu preciso que fique firme, pra que eu possa me firmar em você. Compreende? É como um ciclo, menino. E ciclos nao tem fim. E se você ficar firme, eu fico também. E talvez fiquemos bem. Entende? Um sendo o apoio do outro.
[...]
- Não fale nada. Só não se perca de mim.

sábado, 7 de agosto de 2010

Hoje eu chorei

Hoje foi o primeiro dia que chorei após ele ter ido. Hoje senti falta dele. Não sei se por costume de tê-lo sempre perto. Mas meu corpo chamava o dele, enquanto estava deitada naquela cama, que por tanto tempo esteve cheia. Cheia de vida. Cheia da gente. E hoje eu me deparei apenas com um corpo. O meu. Que continuava chamando o dele. E nesses chamados, percebi que o corpo de algum outro poderia saciar os prazeres da carne. Mas não saciaria o prazer da minha alma. Que estava ligada a dele, por muito tempo.
Ele lá, e eu cá. Pensando em mim? Talvez. Escrevendo pra ele? Mais uma vez.
Seria eu tão exigente assim? A ponto de não aprender a conviver com suas manias e loucuras? Mas tanto tempo se passou, e isso persistiu. E por diversas vezes tentei arrumar a casa, mas esquecia de fechar as portas e janelas para que o vento não entrasse e bagunçasse tudo. É, eu esqueci.
Mas qual será o propósito disso tudo, meu Deus? Qual? Mostre-o logo. Não agüento esperar. Me conformar fechando os olhos. Fechando os olhos para o que está a minha frente. E eu não quis enxergar. Fechei os olhos. Talvez eles de fato devessem ficar fechados. O que deveria abrir era o coração. Deixando o vento bater, arrancar as cortinas e portas. E junto com ela, entrar a poeira. Poeira do tempo. Do nosso tempo. Tempo. Muito nosso.
E o que ficou? Você lá, e eu cá. E essa saudade que aparece só depois de um tempo. Antes de dois em dois dias. Depois de cinco em cinto. Dez em dez. E agora de quinze em quinze.
Tempo! Sopra teu vento aqui dentro. Fazendo com que a saudade venha de ano em ano. Como uma saudade boa de sentir. Como uma lembrança. De um tempo que foi nosso. E agora não mais.
‘’Deixe estar, que o que for pra ser, vigora.’’ Que vigore nossa paciência. Nossa calma. Nossos sorrisos, mesmo distantes. Que vigore sempre o amor que carregamos aqui dentro. Adormecido algumas vezes. Mas que em algum tempo, despertará. E sorriremos de novo. Mas continuaremos sentindo saudade.
Você é a saudade boa que eu gosto de ter. Você foi àquela paciência. De amar por mim e por você. Você foi aquele silencio que por diversas vezes quis dizer tudo. Foi aquela brincadeira querendo acalmar a dor. Foi aquele coração que me amou, e amou. Mesmo eu duvidando que ele batesse. Você foi.
Hoje foi o primeiro dia que chorei após ele ter ido.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Rod Stewart - I Don't Wanna Talk About It

E morrer? O que seria? Sumir? Adormecer? Partir para cuidar a distancia? Ou para amenizar suas próprias dores? Só sei que voce se foi. E essa dor nao cessa. Nao passa. Nao acalma. É inevitável pensar em você e nao querer chorar. É triste quando penso em voce e me foge seu rosto. Sao nesses momentos que aperto. Aperto a mente. E voce volta sorrindo. Aquele sorriso tao raro. Tao lindo. Tao sincero! Dói. Todos os dias. Todas as noites. Durante todos os meses de lá pra cá. Durante todos os anos intermináveis, e completos de saudade. Saudade, aquela velha. Tenho vontade de chorar todos os dias, nao porque voce se foi - ta, por isso tambem, mas porque tive o melhor pai do mundo e ele nao está mais aqui comigo. Porque todos os dias sinto vontade de te abraçar. Sentir seu cheiro. Seu calor. Mas nao posso. Só nao posso. E o que me resta? Apenas lembrar de todos os momentos nossos. De todas as broncas. De todos os sorrisos. De todo cuidado que tinha comigo. Aaaaah! Que saudade! Falo com tanta força assim mesmo S-A-U-D-A-D-E! Aquela que nao vai passar nunca, e sinceramente nao quero que passe. Você é meu maior orgulho! Minha maior motivação a ir em frente! Meu maior amor! Porque por voce eu daria a vida. Mas nao importa mais, você está lá e eu cá. Nao te toco. Nao te sinto. Nao te ouço. Nao através do olfato, tato e derivados. Mas te sinto todos os dias da mais linda forma possivel. Te sinto dentro de mim. Tomando conta de todo meu peito. Pulsando forte. É, bem forte. Porque voce é o sangue que corre em minhas veias. Quente. Rápido. É o que me mantem viva hoje! Fugi totalmente do sentindo principal do texto. Mas tudo bem, queria só colocar pra fora o que estou sentindo. Sem ligar pra pontuação, acentos, se faz sentido ou nao. Eu só precisava, mais uma vez, dizer que nao-existe-amor-maior-no-mundo-que-o-nosso. Porque ele nao supera o tempo. A distância. A saudade. A dor. Mas porque ele me mostra todos os dias que somos capazes de superar a morte. Nao a evitando, porque quando chega sua hora, você simplesmente vai. Sem tempo de perguntar porque? ou pra onde? Mas mantendo viva a chama da nossa relação. Pai e filho! A mais pura de todas as relações. A mais verdadeira. A que mais se sente.
E o nosso amor move terra, céu e mar! Ele move o meu mundo! Ele move a minha vida!
Eu te amo mais que a minha própria vida!

I can tell by your eyes
That you've probably been crying forever
And the stars in the sky don't mean nothing
To you, they're a mirror.

I don't wanna talk about it
How you've broke my heart
If I stay here just a little bit longer
If I stay, won't you listen to my heart?
Oh, my heart... ♪

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Prosa patética

Nunca fui de ter inveja, mas de uns tempos pra cá tenho tido.
As mãos dadas dos amantes tem me tirado o sono.
Ontem, desejei com toda força ser a moça do supermercado.
Aquela que fala do namorado com tanta ternura.
Mesmo das brigas ando tendo inveja.
Meu vizinho gritando com a mulher na casa cheia de crianças,
Sempre querendo, querendo, querendo.
Me disseram que solidão é sina e é pra sempre.
Confesso que gosto do espaço que é ser sozinho.
Essa extensão, largura, páramo, planura, planície, região.
No entanto, a soma das horas acorda sempre a lembrança
Do hálito quente do outro.
A voz, o viço.
Hoje andei como louca, quis gritar com a solidão,
Expulsar de mim essa nossa senhora ciumenta.
Madona sedenta de versos. Mas tive medo.
Medo de que ao sair levasse a imensidão onde me deito.
Ausência de espelhos que dissolve a falta,
A fraqueza, a preguiça.
E me faz vento, pedra, desembocadorua, abotoadura e silêncio.
Tive medo de perder o estado de verso e vácuo,
Onde tudo é grave e único.
E me mantive quieta e muda.
E mais do que nunca tive inveja.
Invejei quem tem vida reta, quem não é poeta
Nem pensa essas coisas.
Quem simplesmente ama e é amado.
Lê jornal domingo.
como pudim de leite e doce de abóbora.
A mulher que engravida porque gosta de criança.
Pra mim tudo encerra gravidade prolixa das palavras;
Madrugada, mãe, ônibus, olhos, desabrocham
Em camadas de sentido e ressoam como gongos
Ou sinos de igreja em meus ouvidos.
Escorro entre palavras como quem navega um barco sem remo.
Um fluxo de líquidos. Um côncavo silêncio.
Clarice diz que sua função é cuidar do mundo.
E eu que não sou Clarice nem nada, fui mal forjada,
Não tenho bons modos nem berço.
Escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito.
O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito?
Eu, cuja única função é lavar palavra suja,
Nesse fim de século sem certezas?
Eu quero que a solidão me esqueça.

Resolvi partir

Deixa que vá. Para longe. Ou para perto, talvez. Mas deixa que vá. Sem sentir, sem perguntar. Porque? Apenas deixa que vá. E voce segue junto. Uma outra estrada. Um outro caminho. Mais cansativo, apelativo. Com muito mais pedras e degraus. Mas vá. Voce vai, sem se perguntar porque. Voce apenas vai. Sem olhar pros lados. Você vai. Sem parar para descansar, ou saciar a sede. Voce vai. Você nao sente nada. Frio. Calor. Vento. Nao sente a chuva que te faz tropeçar e retroçeder. Você apenas levanta e recomeça tudo outra vez. Você vai. Sem saber onde dará aquela estrada. Você apenas vai. E sorri, nao porque conseguiu seguir só. Mas porque aquela tragetória cabia apenas um. Você.