segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Procuras e esperas

Não existe palavra pra descrever o que era hoje. Ou existe e seu conhecimento não tinha. Vazia. Perdida. Não, perdida talvez não. Parada. Intacta também não. Estática, melhor dizendo. Esperando algo, ou alguém, ou nada. Não se sabe. Não sei.
Caminhando alguns passos, lentamente, para não se cansar. Para não calejar os pés. O interior, que já estava calejado de procuras e esperas vãs. Procurou tanto durante tanto tempo que, ao não achar, desistiu, aparentemente. Cansou. Agora apenas esperava. Não exatamente parada, estática e boba, como quem não possui objetivo algum na vida, esperava seguindo sua vida. Esperar, seguir, palavras tão contraditórias e lado a lado.
Enfim, esperava todos os dias cruzar com algo que prendesse sua atenção por mais de 24h, inicialmente, e depois meses, anos. Esperava um olhar, um toque, um gesto, que chamasse sua atenção. Que ao cruzar a esquina, te parasse sem se importar se era a primeira vez que a via, mas que simplesmente dissesse que ela era linda, de todas as formas e que não sabia bem porque falava aquilo, mas que apenas sentiu essa necessidade, e não podia deixá-la passar despercebida. Mas que não soasse como aquelas cantadas típicas de pedreiro a procura de uma transa, mas que ele falasse principalmente com os olhos, sem receios, sem medo. Puro. Limpo. Nu. E então esperava, todos os dias.
E como já havia muito tempo nessa espera, havia se cansado, estava desistindo. Ou pelo cansaço, ou porque acreditava que, se durante todo aquele tempo ninguém havia aparecido, não apareceria nos anos seguintes.
Estava desistindo. Começava a acreditar que pessoas desse tipo, com essa descrição, não existiam. Ou o problema estava nela e ainda não tinha se dado conta. Ou talvez estivesse sendo exigente demais. Queria coisas simples, apenas. Sorrisos, abraços, olhares ao invés de tantas palavras desnecessárias, ou até algumas às vezes, para não cair na rotina dos olhos. Coisas simples, repito. Mas será que o simples era tão raro a pronto de parecer exigência? Mas não exigia nada demais, coisas simples, até porque em meio a isso tudo, procuras e esperas, não conseguiria dar muitas coisas a não ser coisas simples, tipo seus olhares. Não podia exigir algo que não correspondesse. Mas seus olhares, e toques, e gestos, seriam dele, se ele quisesse.

Enquanto ele não chegava, ela esperava. E se lamentava. Até chorava. E pedia pra morrer. Sumir. Amar o primeiro que cruzasse seu caminho. Mas isso não poderia acontecer, tinha uma habilidade enorme em despedaçar corações. Mas não queria, ela apenas não correspondia, e se lamentava, todos os dias.

Ao som de Christina Perri - Jar of Hearts.

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