sábado, 7 de agosto de 2010

Hoje eu chorei

Hoje foi o primeiro dia que chorei após ele ter ido. Hoje senti falta dele. Não sei se por costume de tê-lo sempre perto. Mas meu corpo chamava o dele, enquanto estava deitada naquela cama, que por tanto tempo esteve cheia. Cheia de vida. Cheia da gente. E hoje eu me deparei apenas com um corpo. O meu. Que continuava chamando o dele. E nesses chamados, percebi que o corpo de algum outro poderia saciar os prazeres da carne. Mas não saciaria o prazer da minha alma. Que estava ligada a dele, por muito tempo.
Ele lá, e eu cá. Pensando em mim? Talvez. Escrevendo pra ele? Mais uma vez.
Seria eu tão exigente assim? A ponto de não aprender a conviver com suas manias e loucuras? Mas tanto tempo se passou, e isso persistiu. E por diversas vezes tentei arrumar a casa, mas esquecia de fechar as portas e janelas para que o vento não entrasse e bagunçasse tudo. É, eu esqueci.
Mas qual será o propósito disso tudo, meu Deus? Qual? Mostre-o logo. Não agüento esperar. Me conformar fechando os olhos. Fechando os olhos para o que está a minha frente. E eu não quis enxergar. Fechei os olhos. Talvez eles de fato devessem ficar fechados. O que deveria abrir era o coração. Deixando o vento bater, arrancar as cortinas e portas. E junto com ela, entrar a poeira. Poeira do tempo. Do nosso tempo. Tempo. Muito nosso.
E o que ficou? Você lá, e eu cá. E essa saudade que aparece só depois de um tempo. Antes de dois em dois dias. Depois de cinco em cinto. Dez em dez. E agora de quinze em quinze.
Tempo! Sopra teu vento aqui dentro. Fazendo com que a saudade venha de ano em ano. Como uma saudade boa de sentir. Como uma lembrança. De um tempo que foi nosso. E agora não mais.
‘’Deixe estar, que o que for pra ser, vigora.’’ Que vigore nossa paciência. Nossa calma. Nossos sorrisos, mesmo distantes. Que vigore sempre o amor que carregamos aqui dentro. Adormecido algumas vezes. Mas que em algum tempo, despertará. E sorriremos de novo. Mas continuaremos sentindo saudade.
Você é a saudade boa que eu gosto de ter. Você foi àquela paciência. De amar por mim e por você. Você foi aquele silencio que por diversas vezes quis dizer tudo. Foi aquela brincadeira querendo acalmar a dor. Foi aquele coração que me amou, e amou. Mesmo eu duvidando que ele batesse. Você foi.
Hoje foi o primeiro dia que chorei após ele ter ido.

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