quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Entre luzes e tons

Sabe aquele olhar de menina travessa que adora roubar seu brinquedo e ainda ameaçar contar a sua mãe, fingindo coisas que na verdade não existem? Ela tinha esse olhar. Olhar de quem não procurava dizer muitas coisas embora dissesse tudo com um simples cruzar. E com seus olhos buscava enxergar tudo que seu medo tinha a oferecer, e captava as luzes da cidade de forma atenta, como quem não quisesse deixar escurecer nada por dentro, sempre abastecendo seu depósito de luzes. Elas brancas, rosas, amarelas, estilo violeta e azuladas, tantas cores que perco a noção de tantos tons. Por falar em tons, ela tinha um tom meio branco voltado ao pastel, banhado com luzes do sol - como fosse de se estranhar fazer parte dela essas tais luzes. E uma calma que se escondia num fundo jamais visto, sequer habitado, até porque ela jamais deixara alguém se aproximar de algo mais profundo que a claridade das luzes de seus olhos. Em meio a eles, ela buscava confundir a todos que buscavam uma simples explicação. Ela tinha receio de ser desvendada, e embora dissesse que não, seu intimido sabia que era verdade. Todo seu ar de autoridade e dominação era um meio de não se entregar. Se entregar as luzes de outros olhos que não eram os seus refletidos nos espelhos, mas refletidos em outros olhares. E buscava em meio a todos eles, o brilho que mais se destacava, pra que assim, um dia se firmasse, com toda sua autoridade e ar de criança levada.

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