segunda-feira, 28 de junho de 2010

Molhando o papel que escrevo

Precisava conversar com alguem, alguem que nao a entendesse necessariamente, mas pelo menos se esforçasse. Ou realmente queria alguem que a entendesse. É. Acho que era isso, de fato.
Foi até a casa de uma amiga na esperança de levar um bom papo, rir e talvez até dormir por lá.
Chamou, chamou, mas ninguem apareceu! Sentou na calçada olhando pro nada, calma - aparentemente, na esperança de aparecer alguém pra fazer-lhe companhia. Ninguem!
Voltou pra casa em passos lentos, mais lentos ainda quando resolvia parar pra levantar a calça que caia a medida que chegava a uma esquina, e outra, e outra ...
Pensou que queria andar. E de fato queria, mas aquela cidade estava tao perigosa , e já era tao tarde, mas nao se importava, queria apenas andar sem sentir direito o chão tocando o solado de seu sapato, sem sentir o vento gelado batendo em seu rosto, mas nao se importava, estava agasalhada e com os cabelos presos, e o vento nao iria bagunçar seu penteado ...
Chegou a esquina de sua casa, e a tristeza tornava atormentar-lhe o pensamento. Tinha que voltar, mas nao queria, andava em frente, mas seus pés queriam dar meia volta e sair correndo. Nao correu! Apenas andou, e andou. Tirou a chave de dentro do casaco, abriu o portão pesado e duro e entrou ... Nao queria estar ali, mas como meu Deus? Ali era sua casa! Deveria ficar feliz em voltar pra lá, mas nao, era o contrário. Sempre hesitava quando o assunto era ''lar, doce lar''. Seria ele tao doce assim?
Sua alma chora todas as noites, molhando o papel que escrevo, e escrevo, sem sentir, na esperança do tempo passar, e mais rápido seu fim chegar.

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