domingo, 3 de abril de 2011

Ausência

''Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.''

terça-feira, 29 de março de 2011

Recordações

Sua boca percorria as linhas do rosto dela em busca de seus lábios, e num dançar de hormônios seu corpo acabava por receber o dela assim, desmontando-se aos pouquinhos, até ela dar-se conta de que estava quase totalmente entregue e num surto de momento, resolvia recuar. Seus olhos a fitavam com desespero e necessidades, urgentes daquele momento, daquela mulher, e ainda inconformado com suas fugas, voltava entrelaçando seus dedos naquela nuca de cabelos curtos e fora do comum, puxando-a em sua direção, implorando por seus lábios, mas ela recuava e insistia por valsar mais alguns instantes a fora. Ela o queria por completo, inteiro, o quis e o queria nos dias seguintes, assim como todos os outros passados, mas talvez ele já não acreditasse da mesma forma. Mas tudo bem – conformava-se - o que se há de fazer quando os caminhos se descruzam por alguns segundos? Nada. Apenas esperar. E ela esperou até aquele momento, até sentir seus lábios queimarem num descompasso mútuo. Como poderiam encaixar-se tanto daquela forma? Ou estava apenas idealizando a precisão da perfeição naqueles instantes que suas peles roçavam sem mais perceberem quem era quem, por sentirem-se únicos, número ímpar que ela nunca gostava, a não ser quando ele a penetrava e perdía-se em seu íntimo? Questionava-se todas as vezes que recordava estes momentos que a marcaram, como tantos outros na companhia dele. E inclinava a cabeça para trás, já fechando os olhos tentando captar todos os toques dele em sua alma, o som da sua respiração ofegante e suas unhas roídas que buscavam afundar-se em sua pele, o cheiro do hálito quente e do suor que escorria em seus corpos, impermeáveis. Captou seus sons, gostos e toques, para na ausência não buscar seu rosto entre as quatro paredes, mas fechar os olhos e sentir novamente todos aqueles prazeres da carne e da alma, vivos e queimando mais uma vez.

domingo, 20 de fevereiro de 2011



''Eles se amam, todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossivel. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é dificil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontram e que nada, nada seja por acaso.''

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011




''Acorde, garota! Você é linda, inteligente, tem um ótimo perfume e seus olhos brilham mais que um punhado de purpurina. Por que chora? Perdeu em alguma esquina seu encanto?! Ninguém pode tirar de você seu mais belo sorriso, motivo de idas e vindas saltitantes. Coloque sua música favorita para tocar, respire fundo e faça o que de melhor sabe fazer: ser você!''

sábado, 12 de fevereiro de 2011



Te peço, se não for pedir muito, não me deixe ir, tá bem? Mesmo se eu gritar que vou embora, é só mais uma deixa pra você me abraçar.