terça-feira, 19 de outubro de 2010

Escolha

- Devíamos ter mais opções de escolha.
- Como assim?
- Escolher de quem gostar, por exemplo...
- Isso não dá.
- E se desse, o que você faria?
- Ainda assim escolheria você.

domingo, 17 de outubro de 2010

Idealizando

Eu quero idealizar voce em mim, de uma forma mentirosa, jamais possivel de acontecer. Mas me deixa pensar, desejar e te querer mais e mais. Deixa eu ser amor e ser pra ti o desejo, o pudor, o sexo, nu. Deixa eu ver em voce tudo que posso querer, e sendo pra mim a loucura de algo que nao virá. Nao sendo e desejando, e te querendo, idealizando, vivendo, morrendo de ilusão. Deixa eu te querer como se nao houvesse amanhã, como se meu corpo jamais fosse gasto. Deixa eu te dar minha inocência, meu pior medo, meus carinhos e choros. Deixa? Deixa eu te idealizar em mim, sofrendo, gemendo, pedindo por mais.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Entre luzes e tons

Sabe aquele olhar de menina travessa que adora roubar seu brinquedo e ainda ameaçar contar a sua mãe, fingindo coisas que na verdade não existem? Ela tinha esse olhar. Olhar de quem não procurava dizer muitas coisas embora dissesse tudo com um simples cruzar. E com seus olhos buscava enxergar tudo que seu medo tinha a oferecer, e captava as luzes da cidade de forma atenta, como quem não quisesse deixar escurecer nada por dentro, sempre abastecendo seu depósito de luzes. Elas brancas, rosas, amarelas, estilo violeta e azuladas, tantas cores que perco a noção de tantos tons. Por falar em tons, ela tinha um tom meio branco voltado ao pastel, banhado com luzes do sol - como fosse de se estranhar fazer parte dela essas tais luzes. E uma calma que se escondia num fundo jamais visto, sequer habitado, até porque ela jamais deixara alguém se aproximar de algo mais profundo que a claridade das luzes de seus olhos. Em meio a eles, ela buscava confundir a todos que buscavam uma simples explicação. Ela tinha receio de ser desvendada, e embora dissesse que não, seu intimido sabia que era verdade. Todo seu ar de autoridade e dominação era um meio de não se entregar. Se entregar as luzes de outros olhos que não eram os seus refletidos nos espelhos, mas refletidos em outros olhares. E buscava em meio a todos eles, o brilho que mais se destacava, pra que assim, um dia se firmasse, com toda sua autoridade e ar de criança levada.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ladrões de almas

Era amor de fato, não porque eu buscava explicação algumas vezes, até porque se buscasse eu não as acharia, mas porque eu sentia e não era algo comum como ''paixonites agudas'' de adolescentes de catorze ou quinze anos. Era algo que habitava em mim e que me pedia para abrir as portas para que respirasse livremente. Era brando, tranqüilo e gentil. Era forte, tão forte que às vezes eu pensava não conseguir guardar tanto sentimento por dentro. Perturbava-me todas as noites, e dias e tardes, e durante as primaveras, outonos, durante os ventos, os frios, durante o sol forte que queimava nossas peles enquanto jurávamos sentimentos eternos e impossíveis. Mas acreditávamos e talvez fosse isso que nos mantinha em pé, firmes. Não por comentários, até porque poucos sabiam do que de fato acontecia ali. Acho que apenas nós sabíamos, ou melhor, sentíamos. Vibravam êxtase que perambulava a mente e caia para o peito, e aproveitavam todo axé para pedir ao outro pra não sair do lado, pra chorar e sorrir de amor, e além do mais pra permanecer, pois se precisavam de tal forma. Forma desconhecida, intensa e estranha. Até impossível, mas se desejavam. E amavam, intensamente. Perdidamente. Sem pudores, sem malícias. Desejavam-se apenas as almas. Só.